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terça-feira, 19 de julho de 2011

O NEUTRO DA GRAVIDADE

Para os mergulhadores é simples reconhecer o que descrevemos abaixo, mas para os que nunca mergulharam, vai uma pequena mostra do prazer e da alegria de mergulhar.

A sensação primeira do indivíduo ao pretender mergulhar, provavelmente é uma mistura de adrenalina e receio diante do desconhecido mundo subaquático.

O desconforto de vestir roupas de neoprene, muitas vezes não é das melhores, especialmente quando se está num barco balançando e você prestes a vomitar. O melhor remédio é logo se lançar ao mar para estabilizar o cérebro e o estômago. Além disso você ainda conta com um cilindro pesando uns 20 nas costas.

Num barco tudo pode acontecer, mas, superados alguns incômodos da aventura, vem o momento mais prazeroso, o salto em direção ao mar. A primeira vez parece que você irá cair no mar a fundar no grande azul e morrer, mas não é nada disso.

A roupa não lhe deixa afundar, por mais que você queira, você não consegue. Já na água, você aguarda o momento certo para iniciar a submersão em direção ao big blue.

Iniciar a descida significar acionar o botão do colete para ir murchando aos poucos e você começa a descer lentamente. É muito interessante quando você fica entre o olhar do céu e a água, onde ela passa a confundir a máscara e os olhos até que sua cabeça entre totalmente em contato com a água e você passe a ver somente a água.

Estas sensações são muito boa e neste momento você olha ao fundo do mar e vê a imensidão do oceano se abrindo para você, num mundo totalmente diferente do nosso, onde não há barulho, veículos, buzinas ou qualquer outro ruído, exceto da sua respiração e as bolhas de ar buscando a superfície.

O mundo marinho se abre e vira uma aventura inigualável. Peixes, crustáceos, corais e tudo o que o local lhe proporcionar de bonito.

Não há palavras para descrever o grande prazer que o mergulho proporciona, senão dizer que a troca do mundo normal para o subaquático e a retirada de todo o peso do corpo onde se aloja a atmosfera que lhe torna neutro. Isto retrata exatamente a leveza do ser ou como Kundera retratou a insustentável leveza do ser, não naquela perspectiva, mas na real leveza que o mergulho proporciona à própria massa corporal.

Depois de alguns anos de mergulho e muita literatura sobre o tema, vejo como o Homem Jacques Coustou enxergava a riqueza dos oceanos e do mergulho e não poderia ser outra pessoa a melhor definir o mergulho senão ele próprio, quando escreveu:

"Desde que nasce o homem carrega o peso da gravidade nos seus ombros. Ele está amarrado na Terra. Mas ele só tem que mergulhar na água para se sentir livre. Dentro d'agua flutuando, ele pode voar em qualquer direção: para cima, para baixo, para os lados. Sob a água o homem se torna um arcanjo."
Jacques Cousteau